Governador reconheceu o trabalho social que os espiritanos fazem há 100 anos ao espalhar o evangelho na região do Juruá
Em uma homenagem à paz e espiritualidade em Cruzeiro do Sul, o governador Tião Viana, grão-mestre da Ordem da Estrela do Acre, concedeu a insígnia Grã-Cruz ao bispo Dom Mosé João Pontelo e à Congregação Espírito Santo, em Cruzeiro do Sul, na sexta-feira, 3.
Acompanhado pela chefe da Casa Civil e chanceler da Ordem da Estrela do Acre, Márcia Regina Pereira, o governador reconheceu o trabalho social que os espiritanos, representados pelo Padre Inácio Sangueve Pacheco, fazem há 100 anos ao espalhar o evangelho na região do Juruá. Além de reconhecer também a importância do bispo Dom Mosé, que há 19 anos congrega em Cruzeiro do Sul e em 2017 completa 50 anos de trabalho missionário.
“Com essa homenagem, eu olho a história da educação, dos barcos construídos aqui no Juruá, das edificações, da solidariedade humana, onde doações vinham da Alemanha e atravessavam o mundo para chegar aqui nas comunidades carentes e abandonadas. A organização das comunidades agrícolas vem dos Espiritanos, dos freis alemães”, afirmou o governador. Viana explica que os Espiritanos fizeram um grande trabalho de pacificação e impediram a instalação das companhias exploradoras na região.
O grão-mestre da Ordem lembrou também da missão espiritual que o Bispo Dom Mosé vem ensinando para a sociedade. “É a lição de uma igreja da simplicidade, do acolhimento, que procurou cumprir seu papel institucional, missionário cristão sem a arrogância e valorizando todos. Esse exercício de simplicidade, talvez, seja uma grande fortaleza na vida do Dom Mosé”, afirmou.
Lembrando ainda da grande importância que a religiosidade no Juruá tem na preservação da natureza, o governador deixou uma mensagem de alerta para o que afirma ser a grande crise mundial, a mudança do clima.
“A ordem dos espiritanos ensina, como disse Dom Mosé, com tanta sabedoria, vamos nos preocupar com hoje e deixar da ambição do amanhã. Se fôssemos simples, se quiséssemos menos, se tivéssemos o egoísmo colocado no seu canto, estaríamos fazendo mais ainda por esse planeta”, disse.
Os homenageados
Com altivez e a humildade de um líder espiritual, Dom Mosé falou sobre sua missão ali reconhecida pelo Estado do Acre. “Sempre me coloquei à disposição às realidades cidadãs. Procuro sempre me colocar de uma forma construtiva, seja por causa da missão, ou do seguimento de Jesus Cristo ou por causa da cidadania”, declarou.
O bispo também deixou algumas palavras que demonstram sua fé na construção de um futuro justo. “Temos que ter confiança e esperança que as coisas podem e vão melhorar, junto com a colaboração de cada um de nós. Todos formamos uma família, nos interessa que a sociedade seja cada vez mais harmoniosa”, disse.
Ele complementou ainda com seu desejo de “que nossa sociedade acreana construa um projeto em que as pessoas vivam sua dignidade, partilhem seus bens e capacidades e possam caminhar sempre em união”.
Superior da Congregação do Espírito Santo na região, o padre Inácio Sangueve representou todos os missionários ao receber a insígnia. “Meu desejo é que aqueles que trilharam esse caminho estivessem aqui, mas nossa vida é limitada”, disse. “Agradecemos, de coração, ao senhor governador e sua equipe pela iniciativa de nos conceder a Ordem da Estrela do Acre, como reconhecimento do trabalho missionário da nossa congregação nesses 100 anos de presença no Vale do Juruá”, complementou.
O deputado federal César Messias, natural de Cruzeiro do Sul e que teve em sua vida uma história marcada pela solidariedade da igreja da cidade, fez seu relato pela homenagem. “A história de Cruzeiro do Sul se mistura com a da Igreja Católica. Foi ela que trouxe para a cidade a primeira marcenaria, também a primeira cerâmica. Tem uma história na área social e educacional extraordinária. Minhas palavras são de gratidão ao governo do Estado por esse reconhecimento e a todos os religiosos que ajudaram a construir nossa cidade”, declarou.
“A Ordem da Estrela do Acre é a mais alta honraria que o Estado acreano possui para homenagear homens e mulheres, instituições que abraçam essa terra e contribuem para sua construção”, disse a chanceler da Ordem. Márcia Regina afirmou também que, ao ajudar na construção de uma sociedade fraterna, os homenageados do dia honraram com a história acreana.
A solenidade foi acompanhada por diversas autoridades. Estiveram presentes os deputados estaduais Josa da Farmácia e Raimundinho da Saúde; o reitor e vice-reitora da Universidade Federal do Acre, Minoru Kinpara e Margarida Aquino, além do comandante-geral da Polícia Militar do Acre, Coronel Júlio César.
Arison Jardim (Notícias do Acre)
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